HIPERPLASIA MUSCULAR: FATO OU TEORIA?







Uma das grandes preocupações e sonho dos adeptos à musculação, é descobrir fórmulas que possam, de algum jeito, desenvolver indefinidamente a massa muscular. Isso significa não só hipertrofiar (crescer o músculo) como hiperplasiar (multiplicar as fibras musculares) para conseguir o máximo de massa muscular e ou força.
Experiências não muito novas, (Armstrong et. al. 1979) demonstraram a ocorrência da hiperplasia em ratos gatos e galinhas. Claro, por questões éticas, os métodos de estudo utilizados não são possíveis em seres humanos, embora as evidências indiretas da possibilidade da hiperplasia no músculo humano, sob estímulo de treinamento de alta intensidade existam.
Essa teoria foi proposta por Fred Hatfield Ph. D. em seu livro "Power": A Scientific Approach (1991). Ao pé da letra, Força: Uma aproximação científica. Foi baseada em Gnyea Et. Ericson (1976) com experimentos em gatos.
Com aves, Sola et. al. (1973) usou um modelo colocando um peso na asa de uma galinha relativa a 10% do peso da ave por 30 dias sem interrupção e notou que no músculo dorsal responsável pelos movimentos da asa houve um aumento no número de fibras na ordem de 16%. Outras experiências posteriores com o mesmo fundamento, o do estiramento, chegaram a resultados ainda maiores, na ordem de 172% na massa muscular das aves.
Partindo ainda dessa teoria, outros pesquisadores usaram cargas de 10, 15, 20, 25 e 30% com descansos de dois dias entre uma carga e outra, totalizando 28 dias de estímulo efetivo conseguindo como resultado, aumento de 334% na massa muscular e 90% de aumento de fibras musculares. Claro, o tipo de músculo das aves são bem diferentes dos humanos mas as experiências mostram a resposta hiperplásica do músculo sob tensão ou estiramento. Isso, indiretamente, sugere que o método de treinamento da musculação conhecido como excêntrico possa estimular respostas similares.
Há muitas defesas desse método objetivando aumento de massa muscular e força. Mas, se nos seres humanos as respostas fossem tão rápidas como das aves...
Tudo isso poderia explicar por exemplo a força dos levantadores Olímpicos cujo treinamento é baseado em arranques e muito pesados. O tempo de tensão muscular, sendo tão curto, não é capaz de estimular a hipertrofia. De fato. O volume muscular desses atletas não é tão grande como dos fisioculturistas, mas a força... Provavelmente a eficiência neuromuscular é muito superior, mas esse dado, sozinho pode explicar tanta força? Se a hiperplasia ocorre aumentando a número de fibras por unidades motoras, essa seria uma hipótese aceitável para a produção de força explosiva. É uma teoria que também justifica a força nos músculos deltóides dos nadadores de elite de provas curtas sustentada por Tamaki 1999. Esses atletas não têm músculos tão volumosos mas estão ficando cada vez mais rápidos. Somente um treinamento exaustivo levando os músculos à fadiga severa seria capaz de estimular a hiperplasia como resposta de defesa do corpo.
As evidências empíricas também levam a concluir que essas reações só podem ocorrer em treinamentos a longo prazo porque nossa musculatura, para resistir tanto estímulo de alta intensidade precisa ser preparado para isso.
... E qual a suposição teórica da hiperplasia muscular humana? Como ela se processa? Seria algo similar ao que acontece com a gordura hiperplásica onde as células gordurosas sob estímulo alimentar aumentam de volume, hipertrofiam, e depois se dividem com o mesmo tamanho, hiperplasiam. A diferença é que no músculo, as fibras hipertrofiam, e no momento da hiperplasia, se dividem, mas com a metade do tamanho, ligadas ao mesmo neurônio motor e conservando a mesma seção transversal. A seqüência do treinamento pode aumentar mais ainda o volume dos músculos tendo o dobro de fibras a serem hipertrofiadas.
As Evidências - Um estudo coordenado por Yamada et al. (1989), comparou o tamanho do braço de atletas ligados à força, com pessoas normais e mostraram ser até 27% maiores. Entretanto, as fibras musculares eram do mesmo tamanho. Se a hipertrofia fosse a única forma de fazer o músculo crescer, como as fibras nesse caso eram do mesmo tamanho?
Nygaard e Nielsen (1978) já tinha feito comparações nos músculos deltóides dos nadadores chegando aos mesmos resultados. Ou seja, volume maior e fibras do mesmo tamanho do sedentário.
Enfim, se é ou não possível o músculo humano crescer, duplicar as suas fibras e continuarem crescendo sob estímulo de treinamento de força a gente ainda não sabe. Como vimos, isso pode ocorrer, mas é preciso mais estudos científicos. Por enquanto, contentamo-nos com um treinamento bem planejado com nossas séries de 8 a 12 repetições, né?


Luiz Carlos de Moraes CREF/1 RJ 003529



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